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Exceção [para Maria Borges]

desconfio que todos os meus atos são pretextos

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Lar doce lar [para Maurício Maestro]

Minha pátria é minha infância:
Por isso vivo no exílio

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Natureza-morta [para Charles]

Toda coisa que vive é um relâmpago

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Segmento áureo

Verdade última o melhor verso é sempre o penúltimo

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São Francisco

O velhinho saiu da janela pra não ser
fotografado.
Coisa de criança.

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Indefinição

pois assim é a poesia:
esta chama tão distante mas tão perto de
estar fria

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Signo

Eu já não sei de quem falo eu já não sei
de quem calo.
Na travessia da noite meu corpo se transfigura peixe
metade cavalo. Lá estou eu.
Como achá-lo?

***

As vacas magras

é porque entrei demais na sua intimidade que
estou fora dela agora
o excesso de amor nos separou

***

Orgulho

decresça e
apareça

***

O futuro já chegou

– Como foi?
– Com revólver, arrebentou
a cabeça. E nem o sangue bastou
pra desatar seus cabelos.
O desespero cortou-se
pela raiz.
– Impossível, como foi?
– Assim.
– Mas como?
– Dizia que estava desanimado,
que as coisas não faziam sentido.
Ultimamente
já nem saía de casa.

***

As aparências revelam

Afirma uma Firma que o Brasil
confirma: “Vamos substituir o
Café pelo Aço”.
Vai ser duríssimo descondicionar
o paladar.
Não há na violência
que a linguagem imita
algo da violência
propriamente dita?